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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

deserto

Percorro desertos presos em minha garganta
seus grãos, momentos esquecidos
dançam com a brisa que é o tempo
e formam novas dunas infinitas


Assim são os meus olhos
que velejam nesta realidade escaldante
Constroem vidas ao seu redor

que ao final do dia já não existem


O encontro entre o Sol e a Lua distancia-me
das impurezas do conviver.


E não me sinto grato...


Meus passos caminham entre estes grãos
impunes,
vaidosos.


Por isso, permaneço com os olhos fechados...


Ao longe, paixões entregadas deslizam nos contornos de areia...
me provocam... não posso conter...

Vejo meu reflexo oco

Fecundação de linhas que não acompanho
infecção inerte pela qual sucumbo
aguda,
entorpecida...

A Lua veste a máscara enevoada
nela vejo rugas
marcas do sorriso completo
e sua canção diz que já devo partir...


Deixo o deserto
com a minha cega lucidez
meu sangue apaga as palavras que foram formadas


Escamas antigas
tuteladas pela arte em
sentir-se ilusão


Converso com estrelas que me observam
sob uma calma incomum
Sua luz, dama enfraquecida
é vida e regresso...

Formam-se estrofes
atrofiadas...

Deixo o deserto
inválido,

Procuro uma nova vida
como uma reação auto-imune.

E agora...estou
À procura de novas trilhas
que não mostrem o meu sangue
e que não apaguem as palavras...




Gabriele Moraes

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