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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tua voz

A tua voz é o meu vício,

Meu delírio,

Minha inconsequência.

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A capacidade de meus ouvidos

Entrarem em estado de

Êxtase é

Permitir a eles ouvirem

A sonoridade da tua voz

A dança das tuas palavras.

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A capacidade de meus olhos

Entrarem em estado petrificado

É permitir a eles

Seguir o movimento da tua boca

A cada palavra dita numa realidade

Lenta.

__

É o meu delírio de perversão

Que faz a minha mente

Entrar num estado de transe

Numa chuva de palavras

Que se imortalizam num papel

Que nunca será exatamente a tua voz

Mas, me leva a inquietude

De uma transcendência desconhecida

E prazerosa.

 

 

Manoel Vinícius M. Souza

(04/12/10)

Por que morrerei de amores?

Não sei quem tocará tambores

quando os meus olhos

direcionarem-se ao chão

e o mundo permanecer numa

intermitente ilusão.

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Perderei meus olhos

mas não a minha boca!

Perderei a minha boca

mas não o meu amor!

__

Continuarei a ver a vida passar

na avenida

enquanto aceno

ao delírio mancomunado

na mais completa conspiração

da inspiração insólita e

torta dum esboço

de desenho duma parede

frágil

que a tinta há de quebrar

com um ritmo insolente

que irrita ao invadir

o espaço boçal dos pensamentos

e obriga a ciência a funcionar

num quebra-cabeças de

sentimentos que chegam

ao auge no pôr-do-sol

triste e sonolento

que face à investigação da lua

domina intolerante

o ciúmes da noite

sendo esta travessa-ciumenta

numa alta madrugada

bate à minha porta

obrigando-me pobre poeta

sem olhos

sem boca

sem alma

a retomar saudades

mergulhando em mar de certezas

onde meus braços

nitidamente cansados

levam-me

a morrer de amores.

 

 

Manoel Vinícius M. Souza

(01/12/10)