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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Saudações ao reencontro

O ar me recebeu gélido,
o Sol com vergonha de mim
preferiu um bom dia modesto.
Eu preferi respirar.

A lua pouco vacilante e
nesta noite num tom de observadora,
preferiu observar os homens
pela fechadura.

E eu preferi respirar.




Manoel Vinícius Souza
(Julho de 2011, Campos do Jordão)

Amananhecer o despertar poético

Escrevo aqui
nas linhas imaginárias
do meu pensamento
o que amanhece
sob minha face

Apesar do que corroi
o pensamento,
a poesia vive
a andar por entre
o misciticismo corrosivo
do mundo,
uma insensatez.

Escrevo aqui o
pedido do amanhecer
que exige do poeta
os olhos atentos à
simplicidade de um
dia que acorda
de seu sono escuro,
de seus sonhos de
tornar-se aurora.

Agora o poeta
acorda de seu pensamento
com o limiar duma luz
que inspira a história humana.
Inspira o amor que
a humanidade consegue
movimentar e purifica
a corrosão dos insensatos.

Prevalece somente
o insensato amor
de um poeta que 
adormeceu pela noite
e acordou
com os delírios sonhados
pelo amanhecer.

Escrevo aqui sobre a maneira
como se deve ver o Sol,
acompanhado do uníssono som
dum dueto numa
canção que segue com o vento
e se dissolve com o pensamento.

Antes mesmo
do dia disperto
a grande inspiração poética
já madrugava a insônia do sentimento.


Seja a inspiração humana.


Escrevo aqui
a partir da insensatez que
gira o mundo e
que faz amanhecer
a poesia com o pensamento
poético,
que impulsiona o poeta
a ouvir a canção nos ventos,
e nestes, dissolve como uma
mensagem o
amor de sua insônia.


Manoel Vinícius Souza

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dos eros

Dos mistérios
deixamos os Eros
de nossa essência
que cada vez mais
é feita de meros
detalhes de uma vida
feita por quem ama.

Manoel Vinícius Souza

sábado, 5 de novembro de 2011

Abstração

Preciso abstrair os meus
pensamentos e canalizar a
razão.

É por isso que hoje
escrevo esse poema aberto
para livrar a minha alma
de tanta sensatez.

Eu quero a sensatez
dos dias e das horas paradas.
Quero a sensatez de olhar
para o lado insensato
e descobrir os sentidos de
todas as coisas.

Quero sentir...
Querem além do plano
das ideias.

Quero toda imaterialidade
e materialidade no plano
do tempo morto.
Tudo é ser.

Meu corpo é
uma essência livre.
Meus movimentos são
libertinos.
Minha inquietação não possui um por que.
Minha liberdade não é
conhecida nesse mundo.
Esse é um poema aberto,
da minha alma liberta,
da minha libertinagem,
da extinção dos meus vícios
pensantes.

Esse é o poema de veias abertas,
do fim das ideias, dispersas.

Manoel Vinícius M. Souza



(En)Cenação das palavras

Libero estas palavras
em alta madrugada
para encobrir meus
pensamentos todos
que constroem
minha insônia.

É necessário
construir estes versos
na tentativa de que
em suas linhas brancas
saiam da alma
suspirante
os versos de amor.

Assim
como mancha de tinta
desenrolam aos olhos
diversas cenas
e paisagens
que tentam compor estes versos.

A princípio
a relva parece
um refúgio bucólico
dos sonhos de descanso
ao observar o
desabrochar da flor
assim como o amor
que desabrocha no peito
e faz sentir a terra
descalço
com os pés livres
a andar em direção ao
Sol que se põe
alaranjado no horizonte.

Num salto de frenesi
 admirável como se
observa a cidade
e os poucos sons dos
carros que se encontram
na madrugada.
São as paisagens noturnas
da decomposição do elemento
noite
que vêem no contorno
das árvores
a homogeneidade da existência
do concreto vivo e
da vida em si
uma mistura
dos prédios escuros
com as vidas nas ruas
e em seu interior
a insônia de
uma humanidade
quente
viva
com saudades dos sonhos e
do silêncio.

O mesmo silêncio
enche o quarto
de palavras que
depois de andar pelos
campos e pelas ruas
carreadas pelos ventos
e descansado nas
sombras noturnas das árvores
estacionam sobre
quatro paredes
como se quisessem
formar em seu fundo
branco
cenas de um filme
com sons e movimentos
dominam o concreto
até deixá-lo negro
e o poeta pergunta
quem és tu
que vagueia
desconhecido e inquieto
nesta escuridão noturna?

A alma da nudez
poética
observa
a mescla de paisagens
em um quadro
com figuras apenas
contornadas
sem arte de pintura alguma
são montanhas prédios
rios ruas
campos casas
bosques praças
pessoas e o vento
que em fortes riscos
completam o que
somente os olhos não
veriam
mas por onde descalço
andaria
acompanhado
na alma
a quem se ama
e o artista.

Quem és tu então
que encoberto pela
noite vagueia
por estas palavras?
Sou somente
a inspiração
que caminha
por estas linhas.

Manoel Vinícius M. Souza
04/10/2011



É intencional o olhar


É intencional o
caminhar da moça
que atravessa a
avenida furiosa.

É intencional o seu
olhar penetrante
capaz de derrubar
qualquer espírito fraco
em suas verdades.

Os seus olhos são lascivos,
intencionais,
devoradores de sonhos inocentes.

Sua mente vagueia
num universo conhecido
por poucos.

Sua boca parece
mover-se em câmera lenta
como se recitasse um mantra.
Sua boca sorri.

Seus olhos são intencionais.
Mas sua existência é
feita de si.

É intencional para mim
que leio o seu silêncio e
sorrio.

Manoel Vinícius M. Souza

Melodia de Dois

Hoje choro por que
Sou inundado pela saudade
Sou inundado pela minha voz
Que é delineada em imperfeição.

Eu acredito em minhas lágrimas
Que se tornam uma canção
Em minha mente.

Minha alma caminha ao longe
E senta a beira de um rio
Perdida nos sons
Das diversas músicas que me compõe.

Todo dia procuro
O olhar pela manhã
E dentre todas as opções
Eu escolho o bom dia.


Sou ao longe
Olhando para algum lugar
Onde seja o lugar de dois.

Dois desenhos,
Duas poesias,
Duas mãos,

Apenas dois...

Acredito na música
Que compõe dois corpos,
Duas melodias inteiras,
e uma voz em perfeição,

duas imperfeições...

Dos sons que corroem
O meu pensamento
Desejo apenas a construção
Do momento calmo e
Das metáforas silenciosas.

Ouço o ritmo que se segue
Intenso pelos corredores
Desenhados por mãos
Dopadas de inspiração,

Uma overdose...

De melodias,
De dois...

Manoel Vinícius M. Souza
25/07/2011


terça-feira, 1 de novembro de 2011

Serpentina

São assim
como os passos,
descompassos,
seus passos.
Seus pés,
simbólicos,
sem sílaba,
selvagem,
surpreendente.
Olhar largo,
livre,
leviano,
libertino,
levemente louco.
Simplesmente
passado,
letrado,
surdo,
limiar de pensamentos,
sujos,
litúrgica sensatez.
Samaritana limpidez,
postergada sensibilidade,
legada síntese,
simbiótica libertada
poesia.





Manoel Vinícius M. Souza

Navegante


Serei parte desse universo
que conspira contra as
minhas vontades,
tornar-me-ei parte da natureza
parte de cada som que
apareça em meu andar.

Andarei por aí,
navegador, navegante
e circunavegar na trilha
de seus passos.

Olharei para o lado
distraído e sem pensamentos
a escrever palavras insolúveis
no oceano,
olharei a ressaca do mar
inquieto e intenso
e apenas deixo ir.

À espera do que
me completa,
que me tem
sem ao menos
eu perceber
e ter a consciência
do que é simplesmente
humano.

À espera do vento
que me traz notícias sussurradas
numa prece feita
em quietude.

Essas palavras não tem rumo,
são navegadoras das demais coisas,
dos demais mistérios,
das preces,

são parte de mim.

Fico a olhar os sonhos humanos,
e a viver o hoje
enquanto o amanhã ainda
está na porta sem tocar a campainha.
É a causa do acaso
que percorre os meus
incertos rumos
do acaso que não tenho
frente às ideias,
pois rumos e ideias
são traçados fora do acaso,
são traçados por si,
pelo vento sussurrante,
pelos mistérios das coisas
que não tem mistérios.

Essas palavras são promessas
desenhadas por minhas mãos
que contornam a tua face.

Hoje, na existência dos dias,
volto, após escrever no oceano,
pra te levar de volta pra casa.
Pra fazer parte de mim,
de um esboço não idealizado,
sem acaso,
apenas circunavegar o silêncio
onde não escrevo as palavras
mas ouço as tuas.


Manoel Vinícius M. Souza