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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Contando estória


Um casebre no
topo da montanha
molda meu abrigo.

A lareira acesa e
uma colcha de retalhos
a me esquentar.

A saudade se marca
em cada traço
da minha alma.
Estamos em alta madrugada,
você bate à minha porta
pedindo proteção.

Te ofereço abrigo
do mundo lá fora e
 me encanto com tua chegada.
O sorriso que sai
com cuidado e sincero
torna-se semelhante
a lareira, me faz sorrir
e acalenta a minha alma.

O casebre
molda o abrigo
a dois.

Faz-se silêncio
entre nós e
busco ouvir teu coração.

Passamos horas conversando
numa madrugada longa,
enquanto lá fora o vento sopra
a fim de ouvir e levar
nossas palavras.

Não sei por que,
mas meus lábios
atraem-se pelos teus e
quando se encontram
nem mesmo faço ideia
de onde estamos.

O tempo passa ligeiro
por entre nossos beijos,
sendo que nos beijamos tanto que
o sol resolve por reinar,
os pássaros cantam com o dia
e lá fora parece não oferecer
mais perigo...

O casebre,
abrigo de meu amor,
te oferece aconchego, enquanto
o dia passa rápido.
Porém, uma vez que entrou
pela minha porta,
sinto que de mim
não sairá.

Manoel Vinícius Souza



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Surrealismo - cubista

Sentado a ver o Sol.

Um dia sem 
mente clara.

Sensações de rabiscos,
de vazios, 
de xícaras cheias de ideias amontoadas
em livros de nuvens
que se acizentam e 
trovejam parágrafos,
relampejam em páginas brancas
e chovem sílabas desconexas.

Em gotas de ideias 
inacabas
de um dia de Sol claro
e de tormentas (pensamento).

Manoel Vinícius Souza

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O meu medo


Não tive medos
E ainda não os tenho.
No entanto uma verdade
É capaz de deixar resquícios de
Um medo que nada
Mais é do que a própria verdade,
Dolorosa,
Insensata e
Mais insana que eu.

É mesmo interessante
Quando se descobre um medo.
Principalmente quando este medo
Te leva ao mais fundo do teu ser,
O mais fundo de si,
Que toda impiedade é
Posta a sua frente
E friamente o fogo
Consome cada célula
Do corpo.

Como se estivesse olhando para
O Sol.
Frente a frente com o astro
Ele me cega, me atrai
E me devora em chamas,
Passo achá-lo lindo,
Porém, doi...

A loucura de uma alma em
Plena dormência
É a saudade que
Revela o limite das palavras
Quando estas não possuem
Os olhos atentos,
Os ouvidos tão recíprocos,
O sorriso tão fotografado.

Não há em mim o medo
Literal do mundo,
Há apenas o medo literal humano.
O conhecimento do que sente
E do que se faz sentir
É tão assassino quanto uma
Mente sem medos de matar.

Tantas coisas são jogadas no
Lixo dos meus pensamentos
E num processo de alimentação
Das chamas, que por vezes
É inconsciente,
Tudo se torna passível de
Incêndio
Até mesmo a materialidade
Do que temos por real.

Eu volto sempre a ver o
Sol,
No entanto, com a alma acordada
Para que não somente os meus olhos
De mim sejam os que enxergam,
mas o meu eu vivo
veja o astro rei,
veja o amor
me consumindo,
queimando cada entranha do meu corpo,
cada sopro de pensamento
cada palavra escrita,
cada palavra dita,
cada verdade em mim existente,
e não sobre pó do que fui.

Nisso que enxergo
eu possa sempre ver
(mesmo alimentando tais chamas)
os olhos dela me consumindo,
o silêncio da certeza de sua alma
pairando sobre o ar
e o sorriso roubado (ou não)
que vem de um Sol
devorado
em suas próprias chamas
perante a aceitação de toda a
minha existência e disso que me
faz existir.

Manoel Vinícius M. Souza