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sábado, 30 de outubro de 2010

A morte do tempo

Eu não sei quem corre,
se é eu ou a floresta.
As árvores me enganam
Com seus tamanhos colossais
E a minha miragem é
De que tudo está perto.
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Subi estupidamente uma escada
Para chegar às alturas.
Tudo era tão pequeno...
Para que mentir
A mim mesmo,
Impossível é enganar
O meu elo.
O elo que me levou
A amar.
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Não basta olhar
Para o tempo
E esquecê-lo.
Eu tenho que matá-lo,
Matar o tempo.
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Por isso as árvores
Me enganam
E as escadas parecem
Estúpidas.
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Matarei o tempo,
Criarei desenhos
E nos leves traços
Estará a minha marca...
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Ao mundo pensante
Darei um sonífero
Para que todos durmam
Por tempo indeterminado,
Pelo tempo morto.
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Eu matei o tempo,
Não,
Nós matamos o tempo,
Era necessário para sentir
O que nem todos sentem...
Matamos,
Desenhamos,
Dormiremos?
Manoel Vinícius Souza
(18/10/10)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Se caso houver desejo
ele não será meu.
Será um impulso,
vazio.
______
Se caso houver desejo
ele será apenas um som,
compreendido no silêncio
dos pensamentos,
um impulso
incompreendido,
sem tom.
_____
Se caso houver saudade,
será o desejo instável
dos meus medos volúveis
e corrosivos.
____
Se caso houver desejo
e saudade,
serei consumido
por meu corpo,
ação dos meus olhos
que molham
e da minha boca que grita.
_____
Sem tom e
sem som
Manoel Vinícius Souza
(22/10/10)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Nada

Tomei consciência
daquilo que representa o nada.
O nada que navega
perdidamente num
oceano imaginário.
Em sons de fúria
duma tempestade
com fome.
O nada que olha
a luz da noite,
é o nada que sente.
O nada me permite
correr na chuva,
o nada que me permite
delirar com os desejos,
é o nada que tece a alma,
que cria os medos.
Um nada intenso.
Eis o nada,
eis porque se chama nada
e ganha corpo.
Mas, para mim
ainda é nada.

Manoel Vinícius Souza
(01/10/10)

O ir e voltar

O que as pessoas
fazem de melhor
é ir e vir.
Carregados de impulsos e necessidades,
as pessoas vão
e eu nem imagino para onde.
Vão para as suas casas,
seus amantes,
seus amados;
vão para enlouquecer
no futuro.
Mas, voltam sempre,
vivos ou mortos,
sempre voltam para
visualizar a pegada
que deixaram,
o ar que respiraram
que muda com a chuva.
voltam para lembrar
o que já foram.
Percebem o ir e vir
nem sempre
como estas palavras,
porém, as pessoas
sempre vão e
voltam.
Manoel Vinícius Souza
(01/10/10)