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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Navegante


Serei parte desse universo
que conspira contra as
minhas vontades,
tornar-me-ei parte da natureza
parte de cada som que
apareça em meu andar.

Andarei por aí,
navegador, navegante
e circunavegar na trilha
de seus passos.

Olharei para o lado
distraído e sem pensamentos
a escrever palavras insolúveis
no oceano,
olharei a ressaca do mar
inquieto e intenso
e apenas deixo ir.

À espera do que
me completa,
que me tem
sem ao menos
eu perceber
e ter a consciência
do que é simplesmente
humano.

À espera do vento
que me traz notícias sussurradas
numa prece feita
em quietude.

Essas palavras não tem rumo,
são navegadoras das demais coisas,
dos demais mistérios,
das preces,

são parte de mim.

Fico a olhar os sonhos humanos,
e a viver o hoje
enquanto o amanhã ainda
está na porta sem tocar a campainha.
É a causa do acaso
que percorre os meus
incertos rumos
do acaso que não tenho
frente às ideias,
pois rumos e ideias
são traçados fora do acaso,
são traçados por si,
pelo vento sussurrante,
pelos mistérios das coisas
que não tem mistérios.

Essas palavras são promessas
desenhadas por minhas mãos
que contornam a tua face.

Hoje, na existência dos dias,
volto, após escrever no oceano,
pra te levar de volta pra casa.
Pra fazer parte de mim,
de um esboço não idealizado,
sem acaso,
apenas circunavegar o silêncio
onde não escrevo as palavras
mas ouço as tuas.


Manoel Vinícius M. Souza





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